domingo, 25 de dezembro de 2011

Magnificat de Maria, uma canção que traz esperança

            Neste Natal eu gostaria de compartilhar com você querido leitor, a minha alegria em poder expressar os meus agradecimentos a Deus manifesto em Jesus Cristo, e escrever mais uma vez neste blog tendo a sua companhia.

Portanto, nesta data tão especial gostaria de convida- lo para uma breve reflexão que se encontra no Evangelho de Lucas 1. 46- 56, aonde narra um dos cânticos mais belos da Bíblia. Gostaria de chamar a vossa atenção para a disposição extraordinária de Maria, que mesmo vivendo em meio a uma sociedade tão turbulenta, assolada pela pobreza e cheia de tabus religiosos, Maria não rejeitou o chamado e o desafio de ser a mãe do Cristo.

Em meio a um cenário tão hostil assusta- nos a tamanha coragem desta garota, que ainda tão jovem aceitou o desafio que lhe traria tantos sofrimentos atrozes. Mas apesar de tudo isto ela louvou ao Senhor Deus, pelo fruto de seu ventre, a boa nova que trouxe ao mundo (aos pobres de sua época, principalmente) a esperança almejada por todos: o Cristo... Aleluia!!!

Neste sentido, gostaríamos de comemorar esta data que traz a nossa memória o motivo de nossa esperança, e que podemos cantar e sonhar, dando asas a nossa imaginação, deixando esta poesia entrar dentro de nós, resgatando nossas utopias. Que os anjos toquem suas harpas anunciando e festejando a vinda do Menino, que é a manifestação de Deus entre os homens, que venham os pastores com presentes e que o mundo inteiro ouça esta mensagem simples: o Deus que nasceu na manjedoura trará consolo para as vossas almas!!! Amém!!!

Ora, nós latinos americanos que fazemos parte de uma história de opressão e privação, que sofremos o êxodo dentro de nossa própria terra, aonde o sangue de milhares de nossos antepassados foi derramado pelos seus colonizadores.

Podemos dizer então que nós temos muito haver com a história desta destemida jovem, e que a mensagem do natal vai além dos presentes, que muitas vezes desvia os nossos olhos dos verdadeiros significados destes eventos e deste cântico.

Portanto louvemos ao nome do Jesus pelo seu nascimento, e que este evento possa nos inspirar como inspirou a esta jovem a aceitar os desafios da vida.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

100 anos de Pentecostalismo, e agora?

Algumas considerações

           

            Ano de 2011, tempo de festa para o movimento pentecostal no Brasil, este é um momento de muito orgulho para aqueles que fizeram e fazem parte desta história em nosso país. Neste ano foi comemorado o centenário das Assembleias de Deus no Brasil, data esta que os ventos do Espirito Santo vindos dos EUA, sopraram em nosso país (Atos dos Apóstolos 2).

Desde a sua vinda ao Brasil em 1910 com Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã do Brasil) e depois em 1911, com as figuras ilustres dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg (fundadores da Assembleia de Deus), o pentecostalismo apesar das dificuldades de seus primeiros anos em nosso país, teve nas ultimas décadas uma arrancada extraordinária em nosso país (principalmente a partir da década de 50), no que diz respeito ao seu crescimento numérico (isto vem sendo comprovado pelos vários sensos que foram realizados nos últimos anos).

            Em meio a esta visão panorâmica, o pentecostalismo para se legitimar como instituição religiosa em nossa sociedade, teve que tomar algumas atitudes frente a nossa cultura, optando por uma postura negativa diante dos valores culturais e sociais de nossa sociedade, preferindo o isolamento. Com esta postura frente à cultura, a pregação do movimento pentecostal foi neste primeiro momento, voltada para os pobres, com uma teologia muito voltada para a questão escatológica (pré- milenismo).

            Ora, o movimento pentecostal atualmente é muito forte em nosso solo pátrio, principalmente com a chegada das igrejas neopentecostais, na década de 70, isto fez que surgissem milhares de igrejas com tonalidades e cores diferentes (reflexos da reforma protestante). Hoje até cogita- se a possibilidade do Brasil daqui a alguns anos ser um país evangélico.

            Depois de traçar estas linhas, gostaríamos de fazer algumas considerações pessoais:

- o pentecostalismo apesar de todas estas conquistas que foram alcançadas aos longos dos anos, acabou se tornando uma instituição adoecida pelo poder. É uma vergonha saber que desde o começo desta instituição em nosso país, pastores que deveriam estar lutando pelo bem estar de suas ovelhas, estiveram se esbofeteando para ver quem assume os lugares mais altos em suas instituições. Isto ficou patente nas brigas insanas que passaram na televisão entre os pastores das Assembleias de Deus, para ver quem tinha mais autoridade para celebrar a festa do centenário;

- uma segunda questão seria sobre a construção dos mega templos. Se levarmos em consideração os anos de sofrimento e opressão que viveram os pentecostais em nosso país, alguém poderia dizer: é mais que merecido termos igrejas bonitas. Todavia, a minha preocupação não se limita ao fato de termos ou não termos belas igrejas, mas é que me parece que a denuncia feita pelos teólogos, filósofos e sociólogos da religião, que o sagrado tem se tronado mercadoria, e que este grande investimento em grandes templos não é mais que a simples comprovação deste fato;

- outra questão que a meu ver é fundamental para a igreja e que merece ser tocada é: uma espiritualidade sadia. Digo isto, porque vejo que muitos cristãos esqueceram dos princípios bíblicos que (diga- se de passagem) deveriam nortear a nossa espiritualidade (devoção e entrega a Deus), escolhendo o caminho da barganha. No entanto, sabemos que este caminho é a contramão do evangelho bíblico, pois, muitos crentes pensam que conseguiram o que precisam através da chantagem, sendo que Deus torna- se refém desta relação[1]. Portanto, eu vos convido para retornarmos as nossas fontes de fé (neste sentido queremos nos basear na teologia reformada “sola scriptura”, ou seja, somente as escrituras) e meditar no texto bíblico, não com a nossa leitura neo- pentecostal viciada, mas buscarmos reflexões mais profundas a ponto de deixarmos a mesma (Bíblia) tocar no mais profundo de nossas almas e nos surpreender com a sua riqueza espiritual;

- em ultimo lugar gostaria de dizer que devemos pregar uma escatologia mais consciente, ou seja, mais pé no chão. Quando digo uma escatologia pé no chão, quero dizer uma teologia que esteja mais envolvida com os dramas da vida e da história. Nós brasileiros que vivemos um passado de escravidão e opressão, devemos pregar um evangelho que não esteja ligado somente com as coisas celestes, mas que traga esperança e novos significados para a vida dos seres humanos (ver Ev. João 17. 15- 19). Nós não devemos nos esquecer que Jesus não somente pregou um evangelho para uma outra vida(Ele baseou a sua mensagem na tradição profética do A. T.), mas pregou uma mensagem que valorizava o órfão e a viúva, trazendo dignidade para os excluídos de sua época, etc...

            Depois de fazer estas considerações, alguém pode até achar que minha interpretação seja um pouco radical demais, mas eu lhes garanto que as minhas intenções são as melhores possíveis com relação ao pentecostalismo. O meu objetivo com esta leitura é mostrar que talvez devamos repensar algumas questões relacionadas à nossa fé, e quando eu digo repensar, não estou querendo dizer que devemos abrir mão de nossas convicções (como a nossa escatologia, por exemplo), mas que devemos sim como igreja do Senhor, buscar meios de pregarmos um evangelho libertador em um mundo cercado de redes opressoras.

            Agora talvez o leitor esteja se perguntando: e para que lugar estamos caminhando? Que é a proposta deste texto, pensar possíveis caminhos para o pentecostalismo em nossa nação. Uma vez que fazemos parte da história desta igreja, que costumamos chama- la de “protestante”, (apesar de muitos pentecostais não gostarem ser chamados desta forma), no entanto, a máxima tillichiana cabe a nós: “igreja reformada sempre se reformando”.

Gostaria de finalizar esta reflexão, dizendo que apesar de o pentecostalismo ter riquezas que merecem ser repensadas, outras na minha opinião devem ser abandonadas, como a busca desenfreada pelo poder por parte de muitos pastores, a construção de mega templos (igreja não são as pessoas? Por que não investir nelas?) , e abandonar esta espiritualidade de recompensas. Afinal de contas nós queremos ser a manifestação de Cristo na terra e não do anticristo, não é verdade?



[1] Se formos sinceros admitiremos que este tipo de relação é uma característica fundamental da tradição das religiões afro brasileiras, e não da tradição cristã.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

ESPERANÇA EM TEMPOS DE DESCRENÇA

A Bíblia diz no Salmo 90 ver. 12 “Ensina- nos a contar os nossos dias para que tenhamos um coração sábio”, mostrando- nos a importância de vivermos uma vida plena e feliz, sendo que o principio para esta vida é o temor a Deus, "O temor do Senhor é o principio da sabedoria", Prov. 01- 07.

Ora, a plenitude e a felicidade é algo que é buscado e almejado pelos seres humanos do mundo inteiro, tentamos encontra- la em diversas situações de nossa vida: nas relações entre pais e filhos, na amizade, no amor, etc.... Esta busca e desejo pela felicidade é algo que acontece entre nós desde a pré- historia até os nossos dias.

Podemos dizer que o ser humano esta em todo o momento em busca da plenitude e do bem viver (desde o primeiro suspiro “nascimento”, até o ultimo “morte”). Todavia, segundo á Bíblia a resposta para a plenitude e a felicidade, não se encontra nos bens, nos relacionamento, e em nossas realizações, sejam quais forem elas, mas em Deus, manifesto em Jesus, somente em Jesus é que encontramos sentido, ou seja, a plenitude e a felicidade da vida.

Olhando para o texto que lemos (Gênesis 5), percebemos que no principio após a criação do mundo, os homens estavam vivendo em plena rebelião contra Deus, não pautando as suas vidas nele, antes preferiram viver em constante rebelião contra Ele, tornando- se, portanto, inimigos de Deus, preferindo a injustiça em detrimento da justiça (Romanos 1. 18- 32). No entanto, a Bíblia mostra- nos as constantes investidas de Deus para reatar a sua relação com os homens.

 Isto, fica evidente quando olhamos o tipo de relações politicas e sociais que eram vividas entre estas pessoas, aonde, eram validas somente as leis dos mais fortes. Nesta sociedade, não havia espaço para a ideia de justiça, mas de injustiça (os mais fortes prevalesciam sobre os mais fracos).

Neste sentido, podemos dizer que estamos diante de um problema: como é alcançar a felicidade diante de um estado de rebelião? Para buscar compreender este problema e dar uma resposta ao mesmo, podemos nos perguntar: como surgiu o mau? Será o mal uma entidade criada por Deus? Ou, se não foi Deus quem o criou? Quem o criou? 

Eu concordo com a resposta do teólogo C. S. Lewis, que deu uma contribuição imensa para a nossa compreensão, qunado ele diz: que Deus não é o criador do mau, mas que, no entanto, deu- nos a liberdade de escolher entre este e o bem. Esta resposta é importante, porque nos ajuda a entender que Deus não criou o Diabo, mas que este por escolha própria se tornou em inimigo de Deus por escolha própria (desculpem- me os soberanistas calvinistas).    

Partindo deste pré- suposto, podemos dizer que os homens são maus por escolha própria e que sua rebelião é o exercício de sua liberdade.

(Um adendo faz- se necessário em questão de clareza. A figura sombria e sangrenta de Hitler, por exemplo, que com a ajuda de vários alemães mataram mais de seis milhões de judeus nos campos de concentração, pode nos ajudar em nossa reflexão. Se pensarmos no ser humano que foi este personagem, podemos dizer com certeza que ele não nasceu mau. Mas as experiências de sua vida e as suas escolhas, é o que o transformou nesta figura monstruosa que nos assusta. E que consequentemente tornou- se inimigo de Deus.)[1]

Olhando os desdobramentos de nossa história, percebemos que os homens muitas vezes se afastaram de Deus inclusive a sua igreja (ver a história do cristianismo na Idade Média, por exemplo), ou o homem moderno pensavam que com o avanço das ciências, das artes e das grandes conquistas sociais na Europa (Revolução Inglesa, Industrial e Francesa, Iluminismo) a ideia de Deus não seria mais necessária.  Esta situações de descrença desaguou em um mundo totalmente desumano e cruel (pessimismo total, “vazio”). Um mar de sangue repleto de vitimas.

Dando um salto para a nossa época, a nossa sociedade herdou (inclusive as denominações cristãs, diga- se de passagem o neopentecostalismo evangélico) estes valores, de descrença e desconfiança com relação á Mensagem do Evangelho e em Deus. Estamos vivendo hoje uma crise na espiritualidade, deixando, portanto, um vazio.

E isto, torna- se pior quando olhamos para os escandalos causados por religiosos sejam eles lideres de diversos segmentos cristãos, sejam elas Católicas ou Protestantes.

Todavia, não devemos nos esquecer de erguer a bandeira do evangelho e apregoar ao mundo (a nossa esperança) que apesar de nossa infidelidade e incredulidade, não anulamos a fidelidade e o amor de Deus, como diz o apostolo Paulo, na epistola aos Romanos 3. 1- 4: “1 Qual é logo a vantagem de ser judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? 2 Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas, 3 Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua infidelidade aniquilara a fidelidade de Deus? 4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso. Pois, é Deus que santifica o seu nome em nós Ezequiel 36. 23: E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; e as nações saberão que eu sou o Senhor, diz Jeová, quando eu for santificado aos seus olhos.

Apesar deste cenário tão tenebroso, temos a impressão que o crescimento (inchaço) que tem havido nas igrejas evangélicas brasileiras, por exemplo, de alguns anos para cá, é um sinal de avivamento.
Todavia, não é isto o que esta acontecendo, pois, no mundo pós- moderno, a religião, ou seja, “Deus virou mercadoria”. Muitas pessoas são levadas as igrejas não com a finalidade de terem um encontro com Deus, mas, sim de barganharem com o mesmo. Jesus deixou de ser o Cristo libertador, para se tornar Mago! Atente- mos para a repreensão de Pedro contra os que praticam tais coisas, em Atos 8. 20- 22.

Estes fenômenos sociais nos mostram o grande desafio que temos pela frente. Portanto, não podemos nos calar diante desta situação, e de maneira profética, como os profetas do A. T, Jesus e os seus apóstolos denunciar estas perversões sociais e do Evangelho.  

Assim como havia uma esperança sobre a figura de “Noé”, pois, acreditavam que o mesmo traria consolação para aquela geração, da mesma forma existe uma expectativa sobre nós. De trazer esperança para um mundo devastado pela descrença.



Conclusão



Pai, não sois primeiro nosso Juiz e Senhor, mas Nosso Pai

por que ouvis o clamor de vossos filhos oprimidos.

Que estais no céu

Para onde se dirige nosso olhar na luta.

Santificado seja vosso agir libertador contra os que oprimem

em vosso nome.

Venha nós a vossa justiça a começar pelos empobrecidos.

Seja feita a vossa libertação que principia na terra e termina no céu.

O pão de cada dia que juntos produzimos, dai- nos juntos come- lo.

Perdoai- nos o nosso egoísmo na medida em que combatemos

O egoísmo coletivo.

E não nos deixes cair na tentação

De explorar e de acumular.

 Mas livrai- nos

Da vingança e do ódio contra o mau que oprime e reprime.

Amém.            





[1] O presente exemplo, foi citado somente por uma questão de clareza, no entanto, não é nosso propósito se estender neste assunto, uma vez que desta temática podem surgir outras discussões.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A ditadura da ignorância

Politica e democracia



Quando pensamos em nossas relações sociais, é inevitável não pensarmos nos desdobramentos destas relações. A partir deste ponto, são discutidas em varias áreas do saber (na politica, educação, ecologia, religião, etc.), quais são os rumos que as nossas sociedades brasileiras (e no mundo) estão tomando, e aonde isto tudo vai parar.

Olhando para este panorama, percebemos que as sociedades se encontram em estado de alerta, frente à violência provocada pelas guerras que surgem todos os dias (e quando falamos em guerras estamos generalizando, trazendo a ideia de tudo o que provoca caos), a desordem nas sociedades, nas escolas, etc. Esta consciência de terror e caos, no entanto, não é o suficiente para tirar as pessoas da sua área de conforto. Todavia, este estado que se encontra nossa sociedade e o mundo, deveria causar em nós este desejo de mudança, nos levando a um engajamento politico em favor de uma sociedade e um mundo melhor, mais igualitário e humano.

 O grande problema que nos deixa assustados, é que quando se tomam decisões nunca se tomam decisões a partir da opinião pública, o que existe é um discurso ideológico (por parte dos poderosos ou daqueles que exercem algum tipo de poder) que leva as pessoas a pensarem que estão participando destas decisões.

Ora, podemos dizer então em uma linguagem mais filosófica e até teológica, que a população não exerce a sua liberdade plenamente, sendo manipuladas como marionetes nas mãos daqueles que de alguma forma exercem alguma influencia sobre as suas vidas[1] (na escola, na religião, na politica, etc...). Neste sentido, as percebemos que as pessoas não exercem de forma efetiva a sua autonomia[2]. Todavia, eu não culpo o povo (brasileiro) ainda mais quando temos consciência das mazelas de nossa história de sofrimento e abandono. Pensamos que seja necessário darmos um basta a este tipo de postura e lutarmos por nossos ideais, ainda que isto seja contrario ao pensamento de nossos amigos que estão no poder.

Ainda que isto pareça utópico, todavia, somos a favor daqueles como Martin Luther King, Nelson Mandela, dentre outros visionários, que tiveram o sonho de ter um país e um mundo com pessoas politicamente informadas, e que estão dispostas a lutar pelos seus direitos, e não permitir que homens corruptos afoguem nossos sonhos.

Dito isto, cabe à igreja de Cristo ser luz para os caminhos daqueles que estão na caverna da obscuridade, não somente apregoando um celeste porvir, mas trazendo uma consciência (politicamente correta) libertadora e que mostre os caminhos de esperança e de uma vida justa, necessárias a todos os seres humanos que foram criados a imagem e semelhança de Deus. Assim como o fez Jesus na sua época (Mateus 23) e toda a tradição profética do Antigo Testamento, que denunciavam as desigualdades sociais, reivindicando o direito dos órfãos e das viúvas.

Ou nós queremos ser a manifestação do anticristo no mundo? Será que Nietsche tinha razão, quando ele dizia que a igreja é a manifestação do anticristo?

A escolha amado leitor, esta em nossas mãos!

Afinal de contas, vivemos em um país democrático, ou em uma ditadura?



  



[1] Temos a total consciência que somos influenciados a todo o momento, no entanto, o tipo de influencia ao que me refiro, é algo que recebemos passivamente sem questionar os conteúdos que nos são passados.
[2] Em ligeiras palavras, podemos definir o autônomo como aquele que tem o poder para dar a si mesmo a regra, a norma, a lei é autônomo, ou seja, goza da liberdade. O heterônomo é aquele que não tem capacidade racional para a autonomia, ou seja, é aquele que recebe de outro as norma a lei. Isto foi tirado de: CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2002, pg. 338.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O caminho da tolerância

A palavra verdade é uma das palavras mais intrigantes que já vi. Podemos perceber o poder desta palavra historicamente, quando os homens na antiguidade (mais precisamente na Grécia antiga) buscaram encontra- la, sujeitando as suas vidas inteiras em busca e contemplação da mesma. Todavia, sem sucesso. Alguns até tiveram lampejos sobre a mesma, mas somente lampejos.

            A verdade é tão perturbadora que levou Pilatos a indagar Jesus: Que é a verdade?[1]

            Esta busca levou os homens na Idade Média a terem a impressão que a encontraram, sendo que os mesmos, trataram logo de aprisiona- la (dogmatização da verdade).  Sendo que logo depois (que tiveram a impressão que a encontraram) inventaram a palavra heresia, para rotular e matar aqueles que questionassem a mesma.

            Desde então, a busca pela verdade tornou- se algo semelhante à busca pelo Eldorado, tão procurado pelos nossos colonizadores, que atravessou a modernidade, com a descoberta do homem como a medida de todas as coisas (mal sabendo eles que Protágoras “o famoso sofista” já havia feito esta descoberta há dois milênios antes deles). Neste momento os homens também pensaram que enfim a encontraram, pois, os mesmos descobriram a ciência, e então disseram: eureca!!! Chegamos á verdade. No entanto, também se enganaram.

A busca pela verdade foi tão intensa (e é até hoje) que os homens gastaram horas discutindo, para ver quem é o mais forte entre a ciência e a religião. E passaram a eternidade inteira discutindo.

            Depois de refletir sobre toda esta história, só podemos chegar á mesma pergunta de Pilatos: O que é a verdade?

A resposta para esta pergunta ainda é um enigma a ser desvendado (gostaria muito de poder desvenda- lo). Todavia, gostaria de dar uma pista nesta busca: “seguir o coração”. Neste sentido eu sigo conselho de Pascal: O coração tem razões que a razão desconhece.[2]

Seguir o coração e respeitar as decisões alheias é uma das escolhas mais sensatas para quem quer encontrar a verdade, e o sentido da vida.

Gostaria de deixar claro amado leitor, que o fato de eu falar sobre a tolerância com relação ao próximo, não quer dizer que estou deixando de ser cristão por isto. Afinal de contas este era o fundamento da teologia de Jesus.





[1] Citação extraída da Bíblia , e se encontra no Evangelho segundo João 18. 38.
[2] PASCAL, Blaise. Pensamentos; 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. (Os pensadores).

domingo, 7 de agosto de 2011

EVANGELHO DE LUCAS 15. 11- 31



REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE DE DEUS E A VIDA

O cristianismo é a única religião no mundo que chama Deus de Pai. Isto torna- se claro quando olhamos para a vida de Jesus, principalmente nos evangelhos, aonde percebemos a preocupação do Mestre em apontar este caminho. Esta atitude de Jesus causava estranheza nos religiosos de sua época, pois, era considerada uma blasfêmia.
Se observarmos esta questão no âmbito teológico (acadêmico ou popular) perceberemos que esta imagem bíblica ficou ofuscada, na história do pensamento cristão, por exemplo, principalmente no ocidente que se firmou sob a ideia do medo de um Deus carrasco que não esta nem um pouco preocupado com as fraquezas e limitações dos seres humanos. Podemos dizer que esta forma de pensar em Deus como Pai é praticamente nula na literatura do Antigo Testamento, principalmente no Pentateuco, aonde observando as tradições da Lei de Moisés percebemos que a imagem de Deus que era passada para as pessoas, era de um ser irado, vingativo, separado do mundo (Santo), ou seja, a figura de Deus estava associada ao medo.

E ai aparece Jesus apresentando- nos, uma outra face de Deus, um ser amoroso e que é apresentado na figura do Pai (Aba) que se fragiliza ao ver o regresso do filho perdido. Isto nos faz repensar algumas coisas a respeito de Deus.

1-    DEUS RESPEITA AS NOSSAS DECISÕES

Ao observar o texto percebemos a decisão do filho que decide ir embora para uma terra distante, decisão esta que não causou resistência por parte do pai. Com base nisto podemos nos questionar, mas porque o pai não barrou o filho rebelde, será ele um irresponsável? De modo algum.

A atitude do pai com relação ao filho rebelde foi a atitude de quem ama, e quem ama de verdade (no caso desta passagem, Deus), esta disposta abrir mão da força e do medo (I Jo. 4. 18), para estabelecer conosco uma relação de liberdade. E com base nesta passagem entendemos que só existe amor, quando a liberdade (Gal. 5. 1).

Deus não tem o interesse de nos privar de viver, ou seja, Ele não deseja que eu viva preso a preceitos morais que anulem a minha alegria de viver, Mt. 12.1- 8 (MEDO DAS PUNIÇÕES).

Mas dizer que sou livre não quer dizer que vou viver de qualquer maneira, mas sim que vou responder a vida de maneira responsável.



2-    DEUS É UM SER PACIENTE

Ora, além de respeitar a decisão do filho, o pai se mostra muito paciente, pois, o mesmo aguarda ansiosamente o regresso do filho. Neste sentido a paciência de Deus faz todo o sentido na vida do homem, pois, para Deus segundo os Evangelhos não faz nenhum sentido forçar o homem a aceita- lo através da força (MEDO), uma vez que o seu desejo é que o homem responda ao seu amor de forma voluntaria. Nós fomos chamados para a liberdade (Gl. 2. 4; I Co. 3. 17). Entendemos nesta passagem que Deus fez com a humanidade um pacto de amor eterno (Jer. 31. 3).

Ainda que  esta atitude do filho causa- se no coração do, pai dor e tristeza, ele prefere não interferir na decisão do filho, mesmo sabendo que o filho mais a frente iria sofrer, por conta de sua irresponsabilidade (Oséias 11. 1- 9).  





3-    DEUS SE FRAGILIZA DIANTE DA FRAQUEZA DO SER HUMANO (Filipenses 2. 5)

Bem, logo após meditarmos nesta outra face de Deus, e ao percebermos a atitude do Pai que corre ao ver seu filho retornar depois de tanto sofrer, podemos dizer que Deus se fragiliza diante da humanidade. Jesus fez cair por terra toda uma teologia que estava relacionada ao medo. Graças a esta revelação podemos agradecer a Deus pelo seu grande amor.

Baseados neste “Amor”, podemos pensar a relação de Justiça de Deus com o homem. Se pensarmos na questão da justiça, podemos nos perguntar qual é a função da justiça? Se esta pergunta for feita a um legislador, ele nos dirá: “Justiça é a constante e firme vontade de dar a cada um o que é seu”. Se Deus fosse nos dar o que merecemos de fato nós estaríamos perdidos. Portanto, ao olhar para o texto bíblico eu percebo que a justiça e a correção de Deus, acontece através dos desdobramentos de nossa história. Porém, existe algo que é fundamental nessa relação: a “GRAÇA” (Rom. 5. 1- 9). Somente Deus é Justo e Santo e todos nós devemos nos prostrar perante Ele (Hb. 12. 5- 12).



CONCLUSÃO

Concluímos então que cabe a nós respondermos ao chamado de amor que Jesus nos convida e vivermos em comunhão com Ele.

Amém

domingo, 24 de abril de 2011

Uma parábola de nossa época

Alguns dias atrás eu assisti ao filme Fúria de Titãs, e me chamou bastante atenção este filme. Além da riqueza em seus detalhes, como os efeitos especiais, o cenário montado, dentre outras coisas, o que mais me fascinou, foi notar a riqueza teológica do mesmo. Neste sentido, eu o compreendi o mesmo como uma parábola de nossa época, no estilo das narrativas bíblicas. 

A Bíblia é um livro Sagrado para os cristãos, contendo dois Testamentos (diferente da Tora Judaica que só contem o Ant. Testamento) que tem a finalidade de narrar à história da salvação, que se concretiza em Jesus.
Ora, a Bíblia é um texto que contem muitas parábolas, principalmente Novo Testamento, aonde elas aparecem com muita freqüência nos ditos de Jesus, nos Evangelhos Sinóticos. Mas afinal de contas, o que são parábolas?
O dicionário gramatical do grego do N. T. edição de bolso, é bastante objetivo quando diz que uma parábola é uma: “história curta e instrutiva que contém uma analogia” (DEMOSS, 2004, p. 129). Sendo um pouco mais intenso, o teólogo Benito Marconcini, no livro: Os Evangelhos sinóticos, diz: “O vocábulo significa uma “realidade posta ao lado”, literalmente “atirada junto”: é uma comparação que se prolonga, uma narrativa que compara duas realidades, uma delas conhecida e diretamente entendida na narrativa; a outra a ser descoberta no final, de tal modo, porém, que se chegue a entender a ambas como uma unidade. A verdade entendida por meio da narrativa, portanto, não é uma verdade fechada em si mesma, mas encontra seu pleno significado naquilo que se descobre além dela (MARCONSINI, 2004, p. 221).
Portanto, depois de darmos algumas pinceladas no significado teológico deste termo, podemos dizer que o filme Fúria de Titãs é uma parábola de nossa época. Chegamos a presente conclusão porque entendemos que o presente filme, apesar de ser uma ficção com um tom secular (bastante existencialista), o mesmo tem um conteúdo puramente religioso.
Digo isto, por dois motivos, o primeiro deles é que apesar de não sabermos quais são as reais convicções religiosas do presente autor (o francês Louis Laterrier), percebo neste filme muitos elementos religiosos, alguns bastante parecidos com a tradição cristã (isto é normal, uma vez que o autor é normal, porque o cristianismo permeia a cultura ocidental). O segundo motivo é um complemento do primeiro, pois, este filme tem um enredo plenamente teológico (metafísico podemos dizer), porque o autor busca mostrar como a mitologia era fundamental para explicação da realidade no mundo grego.
Ora, deixa eu explicar logo porque este filme é uma parábola de nossa época. Começaremos com um breve resumo do filme seguido de nossa conclusão.
Se prestarmos atenção no filmo perceberemos a ânsia dos gregos em viverem livres dos deuses, pois, estes acreditavam que eles poderiam viver sem os mesmos.
Indo um pouco mais adiante, perceberemos a fúria dos deuses por conta desta rebelião, aonde decidem declarar guerra contra os seres humanos, aonde é pedido a vida da princesa, em sacrifício aos deuses, caso contrário a terra seria destruída. Neste momento aparece a figura central do filme Perseu filho de Zeus (personagem bastante confuso), que tem a missão de salvar a humanidade. Perseu é auxiliado por Io, que é uma espécie de conselheira.
O filme termina depois da derrota de Crakem (monstro aquático, criado por Hades) para Perseu, que consegue trazer paz a humanidade.
Isto lembra, a ânsia de emancipação dos homens do Iluminismo, que convictos que a humanidade havia chegado a maturidade, buscaram se livrar de todos os elementos religiosos que cercavam a sociedade. Este momento histórico o teólogo Rubem Alves chamara de Exílio do Sagrado, momento este que os homens abrem mão de Deus, para adorarem a outro: a ciência e a tecnologia.
Podemos dizer que nenhum filme é feito por acaso, mas tem uma finalidade, ou seja, ele quer vender uma idéia. Os homens de nosso mundo quiseram se livrar de Deus (ou dos deuses), mas não conseguiram, pois, aonde eles fossem Deus estava lá gravado em suas mentes e corações. Podemos ver isto na tradição ocidental (como foi dito acima) com as idéias de secularização[1][1] e progresso (teleologia, ou seja, a história tem uma finalidade) que fazem parte da tradição cristã.
É uma pena que os homens na tentativa de se livrarem de Deus ou deuses, transformaram o mundo que eles almejavam que fosse um paraíso, em um inferno, com milhares de mortos, para cumprir esta missão de um mundo sem Deus.
No entanto foi- se percebendo que mesmo com todo o progresso de nossas sociedades, a ciência não respondia a todas as perguntas feitas pelo homem, é ai que nasce um fenômeno, que é chamado por muitos historiadores, de pós- modernidade, que é a volta da religião a esfera pública. Laçando ao chão todos os mitos criados pelo homem moderno, que acreditavam que com o progresso da sociedade a religião iria desaparecer. No entanto não foi isto o que assistimos no último século.
Seria à fúria dos Titãs?
É obvio que em muitas coisas nós não precisamos mais de Deus, para explicar a realidade (entendam o que estou querendo dizer), por exemplo: quando chove e caem raios que matam milhares de pessoas, eu não digo que os deuses estão furiosos (como diriam os gregos, por exemplo), mas que isto é um fenômeno da natureza e uma série de outros fatores. No entanto, problema pode ser resolvido por um “para- raios”. Ou então quando alguém cai no chão com a boca espumando, na maioria das vezes, eu sei que não é um demônio, mas que a pessoa sobre de epilepsia.
No entanto eu não posso dizer que por conta destas descobertas do homem que contribuíram muito para o desenvolvimento da humanidade, que Deus não existe, ou que ele seja desnecessário.  
O fenômeno dos fundamentalismos religiosos é um fenômeno deste momento de tensão, nasce como uma reação a este atitude ateísta, mas que acabou se tornando em terrorismo.
Neste sentido, o filme é uma parábola (ou seja, uma critica ao mundo moderno, ou pós moderno) que mostra os homens tentando se livrar de Deus, todavia, os homens se esqueceram que Deus é imortal.
Como se pode perceber a minha leitura não é de cunho apologético (descupem- me os conservadores fundamentalistas que vem em tudo o que não é cristão de forma negativa), mas de apreciação, tentando perceber qual é a contribuição do mesmo, no que diz respeito à reflexão teológica.
Concordo com a afirmação de Paul Tillich que diz: Deus esta presente na existência secular, tanto quanto está presente na existência sagrada. (TILLICH, 2006, P. 36).

Bibliografia
DEMOSS, Matthew S. Dicionário gramatical do Grego do Novo Testamento, São Paulo, Vida. 2004.
MARCONCINI Benito. Os Evangelhos sinóticos, São Paulo, Paulinas. 2004.
ALVES, Rubem. O que é religião? São Paulo, Edições Loyola. 2002.

TILLICH, Paul. Textos selecionados, São Paulo, Fonte Editorial. 2006. 



COX, Harvey. A cidade do homem: A secularização e a urbanização na perspectiva teológica. Paz e terra. Rio de Janeiro, 1971.
Refletindo sobre a fé


[1][1] Para uma leitura do cristianismo como uma religião secularizante ver: COX, Harvey. A cidade do homem: A secularização e a urbanização na perspectiva teológica. Paz e terra. Rio de Janeiro, 1971.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Uma data para relembrar...

Esta data nada comemorativa foi o dia em que criei o blog, com muitas dificuldades!
Estava querendo montar um blog a muito tempo atrás, mas não sabia como... rs' (Estava me sentindo como um homem da idade da pedra na era da internet).
O começo desse blog tem muita história!
Depois de voltar do futebol no CEU, com os meus amigos, perguntei ao Emerson, amigo desde a infância, se ele sabia como fazer um blog. E ele disse que não sabia (mas eu sabia que ele sabia rs... 'Desculpe minha redundância --'). Foi aí que entrou o Yuri, primo do Emerson, que me deu alguns toques de como montar este blog. Na verdade, ele me disse que nunca fez um blog, mas ajudou bastante.
Depois de muitas tentativas frustadas, deu certo.

Glórias a Deus!

Sejam bem vindos, para conhecer meu blog.