domingo, 25 de dezembro de 2011

Magnificat de Maria, uma canção que traz esperança

            Neste Natal eu gostaria de compartilhar com você querido leitor, a minha alegria em poder expressar os meus agradecimentos a Deus manifesto em Jesus Cristo, e escrever mais uma vez neste blog tendo a sua companhia.

Portanto, nesta data tão especial gostaria de convida- lo para uma breve reflexão que se encontra no Evangelho de Lucas 1. 46- 56, aonde narra um dos cânticos mais belos da Bíblia. Gostaria de chamar a vossa atenção para a disposição extraordinária de Maria, que mesmo vivendo em meio a uma sociedade tão turbulenta, assolada pela pobreza e cheia de tabus religiosos, Maria não rejeitou o chamado e o desafio de ser a mãe do Cristo.

Em meio a um cenário tão hostil assusta- nos a tamanha coragem desta garota, que ainda tão jovem aceitou o desafio que lhe traria tantos sofrimentos atrozes. Mas apesar de tudo isto ela louvou ao Senhor Deus, pelo fruto de seu ventre, a boa nova que trouxe ao mundo (aos pobres de sua época, principalmente) a esperança almejada por todos: o Cristo... Aleluia!!!

Neste sentido, gostaríamos de comemorar esta data que traz a nossa memória o motivo de nossa esperança, e que podemos cantar e sonhar, dando asas a nossa imaginação, deixando esta poesia entrar dentro de nós, resgatando nossas utopias. Que os anjos toquem suas harpas anunciando e festejando a vinda do Menino, que é a manifestação de Deus entre os homens, que venham os pastores com presentes e que o mundo inteiro ouça esta mensagem simples: o Deus que nasceu na manjedoura trará consolo para as vossas almas!!! Amém!!!

Ora, nós latinos americanos que fazemos parte de uma história de opressão e privação, que sofremos o êxodo dentro de nossa própria terra, aonde o sangue de milhares de nossos antepassados foi derramado pelos seus colonizadores.

Podemos dizer então que nós temos muito haver com a história desta destemida jovem, e que a mensagem do natal vai além dos presentes, que muitas vezes desvia os nossos olhos dos verdadeiros significados destes eventos e deste cântico.

Portanto louvemos ao nome do Jesus pelo seu nascimento, e que este evento possa nos inspirar como inspirou a esta jovem a aceitar os desafios da vida.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

100 anos de Pentecostalismo, e agora?

Algumas considerações

           

            Ano de 2011, tempo de festa para o movimento pentecostal no Brasil, este é um momento de muito orgulho para aqueles que fizeram e fazem parte desta história em nosso país. Neste ano foi comemorado o centenário das Assembleias de Deus no Brasil, data esta que os ventos do Espirito Santo vindos dos EUA, sopraram em nosso país (Atos dos Apóstolos 2).

Desde a sua vinda ao Brasil em 1910 com Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã do Brasil) e depois em 1911, com as figuras ilustres dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg (fundadores da Assembleia de Deus), o pentecostalismo apesar das dificuldades de seus primeiros anos em nosso país, teve nas ultimas décadas uma arrancada extraordinária em nosso país (principalmente a partir da década de 50), no que diz respeito ao seu crescimento numérico (isto vem sendo comprovado pelos vários sensos que foram realizados nos últimos anos).

            Em meio a esta visão panorâmica, o pentecostalismo para se legitimar como instituição religiosa em nossa sociedade, teve que tomar algumas atitudes frente a nossa cultura, optando por uma postura negativa diante dos valores culturais e sociais de nossa sociedade, preferindo o isolamento. Com esta postura frente à cultura, a pregação do movimento pentecostal foi neste primeiro momento, voltada para os pobres, com uma teologia muito voltada para a questão escatológica (pré- milenismo).

            Ora, o movimento pentecostal atualmente é muito forte em nosso solo pátrio, principalmente com a chegada das igrejas neopentecostais, na década de 70, isto fez que surgissem milhares de igrejas com tonalidades e cores diferentes (reflexos da reforma protestante). Hoje até cogita- se a possibilidade do Brasil daqui a alguns anos ser um país evangélico.

            Depois de traçar estas linhas, gostaríamos de fazer algumas considerações pessoais:

- o pentecostalismo apesar de todas estas conquistas que foram alcançadas aos longos dos anos, acabou se tornando uma instituição adoecida pelo poder. É uma vergonha saber que desde o começo desta instituição em nosso país, pastores que deveriam estar lutando pelo bem estar de suas ovelhas, estiveram se esbofeteando para ver quem assume os lugares mais altos em suas instituições. Isto ficou patente nas brigas insanas que passaram na televisão entre os pastores das Assembleias de Deus, para ver quem tinha mais autoridade para celebrar a festa do centenário;

- uma segunda questão seria sobre a construção dos mega templos. Se levarmos em consideração os anos de sofrimento e opressão que viveram os pentecostais em nosso país, alguém poderia dizer: é mais que merecido termos igrejas bonitas. Todavia, a minha preocupação não se limita ao fato de termos ou não termos belas igrejas, mas é que me parece que a denuncia feita pelos teólogos, filósofos e sociólogos da religião, que o sagrado tem se tronado mercadoria, e que este grande investimento em grandes templos não é mais que a simples comprovação deste fato;

- outra questão que a meu ver é fundamental para a igreja e que merece ser tocada é: uma espiritualidade sadia. Digo isto, porque vejo que muitos cristãos esqueceram dos princípios bíblicos que (diga- se de passagem) deveriam nortear a nossa espiritualidade (devoção e entrega a Deus), escolhendo o caminho da barganha. No entanto, sabemos que este caminho é a contramão do evangelho bíblico, pois, muitos crentes pensam que conseguiram o que precisam através da chantagem, sendo que Deus torna- se refém desta relação[1]. Portanto, eu vos convido para retornarmos as nossas fontes de fé (neste sentido queremos nos basear na teologia reformada “sola scriptura”, ou seja, somente as escrituras) e meditar no texto bíblico, não com a nossa leitura neo- pentecostal viciada, mas buscarmos reflexões mais profundas a ponto de deixarmos a mesma (Bíblia) tocar no mais profundo de nossas almas e nos surpreender com a sua riqueza espiritual;

- em ultimo lugar gostaria de dizer que devemos pregar uma escatologia mais consciente, ou seja, mais pé no chão. Quando digo uma escatologia pé no chão, quero dizer uma teologia que esteja mais envolvida com os dramas da vida e da história. Nós brasileiros que vivemos um passado de escravidão e opressão, devemos pregar um evangelho que não esteja ligado somente com as coisas celestes, mas que traga esperança e novos significados para a vida dos seres humanos (ver Ev. João 17. 15- 19). Nós não devemos nos esquecer que Jesus não somente pregou um evangelho para uma outra vida(Ele baseou a sua mensagem na tradição profética do A. T.), mas pregou uma mensagem que valorizava o órfão e a viúva, trazendo dignidade para os excluídos de sua época, etc...

            Depois de fazer estas considerações, alguém pode até achar que minha interpretação seja um pouco radical demais, mas eu lhes garanto que as minhas intenções são as melhores possíveis com relação ao pentecostalismo. O meu objetivo com esta leitura é mostrar que talvez devamos repensar algumas questões relacionadas à nossa fé, e quando eu digo repensar, não estou querendo dizer que devemos abrir mão de nossas convicções (como a nossa escatologia, por exemplo), mas que devemos sim como igreja do Senhor, buscar meios de pregarmos um evangelho libertador em um mundo cercado de redes opressoras.

            Agora talvez o leitor esteja se perguntando: e para que lugar estamos caminhando? Que é a proposta deste texto, pensar possíveis caminhos para o pentecostalismo em nossa nação. Uma vez que fazemos parte da história desta igreja, que costumamos chama- la de “protestante”, (apesar de muitos pentecostais não gostarem ser chamados desta forma), no entanto, a máxima tillichiana cabe a nós: “igreja reformada sempre se reformando”.

Gostaria de finalizar esta reflexão, dizendo que apesar de o pentecostalismo ter riquezas que merecem ser repensadas, outras na minha opinião devem ser abandonadas, como a busca desenfreada pelo poder por parte de muitos pastores, a construção de mega templos (igreja não são as pessoas? Por que não investir nelas?) , e abandonar esta espiritualidade de recompensas. Afinal de contas nós queremos ser a manifestação de Cristo na terra e não do anticristo, não é verdade?



[1] Se formos sinceros admitiremos que este tipo de relação é uma característica fundamental da tradição das religiões afro brasileiras, e não da tradição cristã.